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Foto do escritorTroque o Disco

Hoje é dia de Bob Dylan


Certa vez ele disse que levou dez anos para viver a canção e dois anos para escrevê-la, a canção em questão era Tangled UP in Blue, do master Bob Dylan. A faixa faz parte de um dos melhores discos do homem, Blood on the Tracks, de 1975.


Bob Dylan pode ser o Charlie Chaplin do rock & roll. Ambos são considerados gênios por todo o planeta. Ambos foram proclamados revolucionários por seus primeiros trabalhos e submetidos a ataques exaustivos quando as obras posteriores foram consideradas inferiores. Ambos sobrepuseram suas personalidades às técnicas de suas formas de arte. Eles rejeitaram a noção peculiar do século 20 que confunde o avanço das técnicas e da mecânica de uma forma de arte com o crescimento da própria arte. Eles ficaram sozinhos.


Olhando para trás através das décadas, cada geração de fãs de rock tem seus próprios heróis. Quer sejam os Rolling Stones nos anos 60, os Pixies nos anos 80, Cobain nos anos 90, acho que tamanha unanimidade seja na década de 70, Dylan talvez seja para maioria o maior absoluto.


As melodias ao longo do álbum são assombrosas por sua beleza e simplicidade. Para mim, uma das coisas que torna este álbum tão eficaz é que as músicas funcionam perfeitamente juntas como um todo, é um fluxo incrivelmente sedoso de uma faixa para outra e ainda assim se destacam tanto em suas próprias músicas quanto em músicas individuais. A consistência do álbum é ainda mais interessante quando se considera que foi gravado em duas sessões, com alguns meses de diferença, em duas cidades diferentes (Nova York em setembro de 1974 e Minneapolis em dezembro).


Blood On The Tracks não é apenas um dos melhores álbuns de Bob Dylan, é também um dos melhores de todos os tempos. Estas são as canções de uma pessoa que sofreu terríveis feridas emocionais. É sobre uma pessoa confusa com alguém que ama e com ela mesma, sentindo-se arrasada com isso. Não há outra maneira de lidar com todas essas emoções, exceto tentando transformá-las em algo artístico. É sobre alguém que perdeu um amor e perdeu grande parte de si junto. Ele a quer de volta, mas sabe que nunca mais será como antes, há muita água debaixo da ponte.

Demorei para entrar nesse disco, confesso que demorei para entrar em Dylan, de todas as peças chaves daquelas décadas de ouro, talvez Bob tenha sido o último dos masters a entrar nos meus ouvidos.


É seu álbum mais amável e mais consternado. Talvez o maior fator no legado deste disco seja a absoluta atemporalidade dos temas. Não importa se é ou não sobre Dylan e sua vida e família; o coração partido, a dor, o desejo, a reflexão sobre os porquês e os relacionamentos terminando... todos esses são tópicos comuns a todos em todos os lugares. Eles são o alimento final para um mestre das palavras no topo do seu jogo, e qualquer que seja a inspiração para essas músicas, Bob Dylan acertou em cheio como ninguém mais poderia. É um disco perfeito.


-Gui Freitas



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