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O Início do Britpop | Parte 1 e 2




PARTE UM - PARKLIFE.


A história de Albarn, Coxon, James e Rowntree começou em 1989, tempos em que a, até então, Seymour, dava os primeiros passos na cena de Londres. A banda conseguiu atenção da Food Records, selo da EMI, através de uma demo tape. No entanto, eles tiveram, antes de pisar no chão, que enfrentar a primeira exigência da gravadora… trocar o nome da banda.

Não restou pra todo mal. O nome Blur é muito mais forte e carismático. Nos dias de hoje, é quase impossível imaginar um mundo sem ele entre nossos discos da prateleira.


A demo tape da Seymour de 89 trazia canções como Dizzy e Fool. Arrisco em dizer que Fool talvez tenha sido a faixa que conquistara o selo. Coincidentemente, também em 89, Noel Gallagher gravava suas primeiras demo-tapes. A corrida do Britpop talvez tenha 89 como fator embrionário.

A banda começou a conquistar a Inglaterra inteira no segundo semestre de 1990, através do single She’s So High, que considero, até hoje, uma das músicas mais cativantes de todo repertório. Os jovens do Blur revelaram esse clássico promovendo um clipe cheio de luzes, com a banda intervalando olhares rebeldes e tímidos, atitudes que, ao longo de todo tempo, marcaram completamente a banda. No vídeo, podemos já olhar para eles como algo promissor, delineados esteticamente nos ainda mancebos 90’s. Sensacional! Certamente, um dos essenciais ingredientes de toda a revolução estética daquele tempo.

Talvez seja uma percepção particular ou figure até mesmo em senso comum, mas a atmosfera dos 90’s me remete algo completamente jovial, do tipo, literalmente, Smells Like Teen Spirit. Vejo a década de 90 como aquela dos jovens e rebeldes. Foi a década que, definitivamente, salvou o Rock.


Urge lembrar que a Inglaterra estava morta nos 90’s. Apesar do sucesso de nomes como The Smiths e The Clash, os ingleses precisavam de outros, de mais nomes. Considerando que a cena americana transbordava nomes e mais nomes, se fazia urgente uma cena revolucionária pela Europa. Não foi diferente do passado. Como sempre, a música americana inspirou o som europeu, tendo a Inglaterra sempre como o epicentro de sua influência, principalmente ao que se refere ao Rock’n’Roll… e essa efervescência toda logo chegaria à terra da rainha.

Ao assistir o vídeo de She’s So High, o consagrado produtor Stephen Street mostra total interesse no Blur, manifestando expressa vontade em contribuir ao trabalho da banda. Dessa conexão, nasce, nada mais, nada menos, do que There’s No Other Way, hit absoluto da banda, suficiente para cravar, de vez, a banda no cenário britânico. Vale a pena conferir o clipe de There’s No Other Way, outra maravilha audiovisual daquele tempo.

Diante a efetividade da parceria entre Blur e Stephen Street, nasce Leisure, primeiro álbum da banda, que veio a ser lançado em 1991.

Não foi um início afirmativo ao Blur. A banda estava insegura, insatisfeita com o som. Tudo era incerto, não havia aquela sede ou uma locomotiva de empolgação na direção de uma banda que conseguiu gravar e distribuir um primeiro disco, muito pelo contrário, havia uma aflição absoluta no sentido de querer mudar significativamente sua sonoridade.


Além dessas mazelas psicológicas, a banda passou por terríveis bocados. O gerente responsável pelas finanças da banda sumiu com o dinheiro que Leisure conseguiu fazer, deixando a banda com débitos a lidar. Prosseguindo em obstáculos, a excursão pelos Estados Unidos foi péssima. Das dezenas de shows que fizeram por lá, foram recebidos com desdém em quase todos, além de terem de lidar com vaias recorrentes durante as apresentações. Não, os problemas não param por aí. Quando retornaram para Inglaterra, a Food Records ainda lhes ameaçam um pé na bunda.

Tombo financeiro, uma turnê desastrosa e uma real ameaça de serem dispensados pelo selo sem um contrato de segundo disco. Começo emocionante, não?

Desanimados com essa turbulência toda, todo o projeto do Blur ficou por um tempo estacionado, eles quase desistiram de tudo.

Graham Coxon acredita que Stephen Street ainda é o cara certo para trabalhar com a banda e insiste em tentar mais uma parceria com ele. De fato, Street não tem nenhuma ligação com os desencontros no caminho da banda, muito pelo contrário, foi essencial, totalmente.

Quando o Blur apresentou o material do segundo disco para a gravadora, foram solenemente dispensados sob o argumento de não haver nenhum hit entre as músicas. Tal negativa ocorreu tanto na Inglaterra pela Food Records, tal como nos Estados Unidos, pela SBK.


Um lapso de esperança surge em pleno natal, quando Albarn compõe For Tomorrow, faixa que alimentava a possibilidade de uma nova chance por parte da Food Records, apesar da SBK continuar escorada na idéia de que não haveria nada em potencial para o mercado americano.

Episódio interessante dessa fase pré segundo disco foi o pedido da SBK para a banda regravar todo material com Butch Vig, lendário produtor da cena americana. No entanto, a banda recusou tal possibilidade. Imaginem só se isso tivesse acontecido! Mesmo que não fosse lançada oficialmente, contar com essa versão do Modern Life Is Rubbish produzido pelo Vig seria demais, seria incrível poder ouvir algo do tipo!

Com uma nova chance e todo risco, o Blur lança Modern Life Is Rubbish na Inglaterra, do jeito que já tinham gravado, com Stephen Street assinando a produção. O Gui fala sobre esse disco de forma muito legal, especificamente, na segunda parte dessa matéria.


Depois de todos os sustos e embaraços, em 1994, a banda emplaca Girls and Boys, dominando de vez a Inglaterra e o mundo com o consagrado Parklife, disco que elevou o Blur ao status internacional. Incontestável, Parklife é um discasso! Importantíssimo!

Após a fase embrionária da corrida do Britpop, em 1989, outra coincidência temporal surge pra enredo, agora, em 1995, quando o novo disco do Blur, The Great Escape, tem um single adiado por coincidir com o lançamento de Roll With It, do Oasis. O Blur provoca toda essa situação ao se apresentar no Top of the Pops, um dos programas de maior audiência da TV (apesar dos bizarros playbacks), com Alex James vestindo uma camisa do Oasis.

Começa a novela que o fã de Britpop acompanhou avidamente como velhinhas no sofá da sala, às 20 da noite.

E é, justamente, no início dessa fase que encerramos essa matéria. Voltaremos com uma matéria falando exclusivamente sobre mais momentos que envolvem a corrida do Britpop, além de outro post sobre os outros discos do Blur, a saída e o retorno de Graham Coxon da banda, os projetos paralelos da banda e por aí vai, é assunto pra sobrar e nem pensar em faltar.

Eu e Gui temos uma queda por essa fase, principalmente, pelo Britpop num plano horizontal. Nos encontramos em breve pra falar muito, muito mais sobre tudo isso!


Até logo menos,


-Gus Maia






PARTE DOIS - INGLÊS POR EXCELÊNCIA.


No último dia 10, o brilhante disco do Blur, Modern Life is Rubbish, completou 27 anos. Blur dividiu com Oasis os holofotes da cena Britpop, numa competição do estilo Senna e Prost. Se eu não me apaixonasse à primeira vista pelo Oasis, talvez o Blur fosse a banda favorita da minha vida.

Modern Life is Rubbish é o segundo disco de estúdio da banda. Embora seu álbum de estréia, Leisure, de 1991, tenha sido um sucesso comercial, a banda enfrentou reações adversas da mídia logo após o seu lançamento. O nome foi escolhido pelo guitarrista Graham Coxon, com base em grafites que ele costumava ver nas áreas mais populosas de Londres. Sob forte influências inglesas tradicionais, como Kinks e Small Faces, a sonoridade melódica tem traços bem definidos, produção exuberante, metais e vocais de apoio.

Não somente neste disco, mas ao longo da carreira, as letras de Damon Albarn & cia usam humor, sonhos, tradições e preconceitos da Inglaterra suburbana, ceias de referências à Londres, cidade natal.

A abertura do disco, For Tomorrow, é tocada e cantada em plenos pulmões em todos os shows ao longo da estrada do Blur. A faixa Advert, sequência, traz guitarras sujas, bateria forte e vocal preciso. Blue Jeans aquece o disco ao passo que, Sunday Sunday, descreve bem sobre como é um domingo daqueles que todos nós já tivemos. Miss America, som esquecido por muitos, é suave e considero um dos pontos altos do disco.

A guitarra de Coxon faz frente nas canções, criando grande sintonia com o baixo cinético de Alex James, na cozinha com o tímido David.

O disco foi aplaudido pela imprensa musical no lançamento e é considerado um dos definitivos da cena Britpop.


É interessante que os temas presentes neste álbum ainda sejam relevantes até hoje, quase 30 anos depois. Isso me leva à conclusão de que a sociedade ainda está presa em algo que não consegue superar.


-Cheers


-Gui Freitas



Continua...

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