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Uma História do Underground Pub: Libertines em Campos, Interior do Rio de Janeiro. - Parte 1.




Em junho de 2013, Carl Barat e Gary Powell, músicos da lendária banda inglesa The Libertines, apareceram na cidade de Campos dos Goytacazes, no Underground Pub, para um show de um tanto surreal. Acostumados a tocar para multidões, com cachês milionários (rumores contam que a banda recebeu 5 milhões de libras por um único show no Hyde Park), os músicos toparam se apresentar para 100 pessoas, sem cobrar cachê, numa noite de domingo entre um show em São Paulo e outro em Buenos Aires. 


Vou dividir essa história em duas partes; Numa delas, conto todos os detalhes que antecederam aquela data; na outra, tudo que aconteceu naquele fatídico dia. 


Vamos lá. Como meus amigos sabem, sou um fã da banda e, naquela época, eu já tinha assistido um show do Pete e um do Carl, me mantendo sempre atento à procura de uma nova oportunidade.


Em maio daquele ano, a prefeitura de São Paulo anunciou uma apresentação dos ingleses no MAM. No dia da abertura das vendas dos ingressos acordei bem cedo, mas não tive sucesso. Em poucos segundos, esgotaram-se todos, eu ficaria de fora. Baita decepção.


Lembrei-me que havia contactado o empresário deles tempos atrás para mostrar uma música da minha banda. Pensei em puxar papo novamente para perguntar se conseguiria um convite para o show do Carl e Gary. Durante alguns dias, fiquei remoendo aquela idéia. Até que numa manhã de segunda feira, duas semanas antes da apresentação deles em São Paulo, eu estava indo para o trabalho e me bateu uma doideira. Parei o carro na estrada e mandei um e-mail pro cara. Detalhe, não pedi o ingresso, e, sim, se haveria a possibilidade dos caras tocarem em Campos, no Under. Enviei a mensagem, logo me dando conta de que isso não fazia o menor sentido. Esqueci o assunto e segui a vida. 

No dia seguinte, quando chego ao trabalho e verifico a caixa de mensagens, havia um e-mail com final co.uk. Não era do empresário da banda, mas me deu aquele frio na barriga.  

A mensagem era curta e direta: “Temos o domingo livre, de repente, podemos realizar seu sonho. Apenas Carl está disponível”.

Tal mensagem foi mandada pelo empresário da carreira solo do Carl e Gary, que também cuidava de artistas como Franz Ferdinand, Adele, Fratellis e outros. 


Parecia mentira. Liguei para a secretária de cultura de São Paulo para verificar a autenticidade do email. Fiquei ainda mais intrigado quando ela confirmou que o nome do cara era esse mesmo, mas que nunca teve acesso direto a ele. “Só temos contato com um intermediário”, disse ela.


Estranho, muito estranho. Respondi a mensagem. Falei que domingo seria ótimo. Óbvio. Poderia ser segunda-feira de manhã que eu toparia.


A partir daí, recebi e-mails de uma seguradora, de um escritório jurídico e do próprio empresário. Passamos a nos falar por Skype. Cada ligação, meu coração sofria algumas arritmias. Após dias e dias de negociação, foi selado o acordo: eu deveria passar a arrecadação do dia para uma agencia de Djs em SP. O preço do ingresso foi decidido por eles também. E, dentre inúmeros contratos que assinei, havia um em que eu me comprometia a estar ao lado do Carl Barat em tempo integral, desde o momento em que ele pisasse no aeroporto de Guarulhos até a entrada dele no avião para Buenos Aires.  


Comecei a divulgar a notícia e pouquíssima gente acreditou. Só tínhamos uma semana para o evento e não havia nenhuma procura pelos ingressos. Falei do meu problema para o empresário. No dia seguinte, acordei com dezenas de ligações e mensagens no celular: Carl Barat, em pessoa, havia criado um evento no Facebook, anunciando o show. E a revista Rolling Stone também divulgou a data. Pronto, bastou para os ingressos serem esgotados.

Detalhe; há poucos dias do evento, o empresário me liga; Gary também vai, ok? 


Fui para São Paulo na véspera do nosso evento, e dia do show deles no MAM. A ansiedade estava a mil. Quando já estava me preparando para dormir, recebo um SMS: “Looking forward to meeting you, Carl”... (Continua)



- Conrado Muylaert

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