Já se passaram longos 24 anos da morte do Chico e, apesar de algumas menções, demoramos muito a vir falar de um dos mais promissores artistas nascidos do nosso Brasil.
Para quem viveu assiduamente a década de 90, vai rolar a lembrança daquele jogador que fez história na Portuguesa de São Paulo, o Denner. Lembro de comparações com grandes nomes e de talvez ser o novo Pelé de nosso futebol. De fato, o cara jogava muito. No entanto, tragicamente, num acidente de carro, Denner nos deixou. Essa introdução é para falar de outro que tinha comparações semelhantes, só que dentro do universo da música, Chico Science, que também nos deixou precocemente, depois de nos deixar alguns dos registros mais originais da música nacional.
Em 1994, Chico Science & Nação Zumbi faziam sua estréia com o Da Lama ao Caos, debut primoroso que, apesar das vendas não corresponderem as expectativas da gravadora, foi mais do que suficiente para alavancar a banda mundo afora e tornar o disco um marco na música, estava ali o maior representante do movimento Manguebeat.
Ninguém jamais substituirá Chico Science. Sua energia e idéias impulsionaram todo movimento Maguebeat e muito há o que se contar antes desse disco. No entanto, muita coisa só aconteceu na nossa música mediante o nascimento deste. São simplesmente 13 meteoros, a tradição do Maracatu Afro-Pernambucano com Heavy Metal, Rock Psicodélico, Punk, Funk e Hip-Hop se embolam em seus 50 minutos.
Não podemos deixar de citar nomes importantes que também foram responsáveis por este super clássico: Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Toca Ogan (percussão), Jorge du Peixe, Gilmar Bolla 8 e Gira (alfaias) e Canhoto (caixa), se aliavam às explosões vocais de Chico Science, caindo feito paraquedas para que o disco pudesse rodar o mundo. Chico participou dos dois primeiros discos, duas turnês internacionais foram feitas com a banda, antes de sofrer um acidente de carro fatal em 1997.
Chico Science não somente se interessou pela cultura, ele a viveu e às vezes me pego pensando como seriam os dias que vivemos hoje dentro de sua voz. Science era vital. Em 90 retratava da política, justiça social e do ambiente dentro da forma mais simples possível, mas com uma força sem igual, dentro de uma forte justiça social e ecológica que sempre defendeu.
Com seu Manguebeat, transbordado de questões cotidianas, Da Lama aos Caos nos entrega um gênio em ação, que nos deixou tão precocemente, mas que se tornou inesquecível.
“Viva Zapata, Viva Sandino, Viva Zumbi, Antônio Conselheiro, Todos os Panteras Negras". Viva Chico Science!
- Gui Freitas
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