Eis o Exile on Main St., 1972, The Rolling Stones. Que período conturbado. Não sei nem por onde começar. Os Stones estavam sentados no topo do mundo, mais do que consagrados. O trabalho anterior, “Sticky Fingers” (1971), agradou demais não somente aos fãs, mas também aos próprios Stones. O Sticky tem a alma do lendário estúdio de Muscle Shoals e, como o próprio Keith Richards gosta de dizer, se não fosse por Muscle Shoals, a sonoridade seria totalmente diferente, não teria sido a seta no alvo, tão consistente. No entanto, o período foi infernal para os Stones. O plano era voltar a gravar em Muscle Shoals, mas eles foram banidos de voltar aos EUA naqueles tempos, o que fez a produção do Exile parar em Nellcôte, França, nas proximidades de Nice.
O estúdio ficava no porão de uma casa totalmente esquisita, que fora em outros tempos um quartel general nazista. O porão de gravação era comandado por um estúdio portátil, numa espécie de veículo, um caminhãozinho. A banda passava por uma série de confusões com a justiça, receita, eram perseguidos pelas drogas, além de todos problemas internos. A gravação foi infernal. Os Stones estavam péssimos em entrosamento, nada fluía, nada dava certo. O disco é todo fragmentado. Enquanto um ia dormir, outro chegava para gravar. Não existia entendimento, nem que fosse, nos horários da banda.
A fase da produção é muito bem documentada por Robert Greenfield em seu livro “Uma Temporada no Inferno com os Rolling Stones”, por sinal, uma das melhores leituras que fiz sobre esse disco tão estimado (recomendo insistentemente). Vale dizer que o relato de Keith Richards em sua autobiografia condiz demais ao que foi documentado por Greenfield. O disco é um soco no estômago e, definitivamente, o considero o diamante bruto da discografia dos Stones. Produzido por Jimmy Miller, o disco traz personagens icônicos em seus bastidores, como, por exemplo, o lendário Bobby Keys.
Fica aqui, por enquanto, o petisco sobre o Exile. Voltaremos a falar sobre esse clássico absoluto do Rock'n Roll em breve! Há muito assunto em torno de sua produção, que recebeu a visita de inúmeras lendas, tais como Lennon e Clapton. Imagina o que rolou por aquele quartel insano de Nellcôte...
-Gus Maia
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