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Show apoteótico da Cachorro Grande

Já passava das 21h30 em Porto Alegre quando a Cachorro Grande explodia os primeiros acordes de Lunático e fazia com que mais de 3 mil pessoas fossem à loucura. O local escolhido para essa reunião única, não poderia ter sido outro: o Auditório Araújo Vianna. Lugar histórico para a capital dos gaúchos, que naquele 26 de março completava 250 anos. Era, definitivamente, uma noite porto-alegrense.


Banda quase completa (Rodolfo foi substituído por Eduardo Barretto), som no talo e a gurizada totalmente em forma. Beto Bruno foi o mesmo frontman que chamava a atenção por onde passavam no início da banda. No palco que já recebeu orquestras, ele estava como o maestro da noite, com o público na sua mão. Uma das coisas que sempre gostei na Cachorro Grande, é o fato de eles também serem fãs do que estão fazendo e, como todo fã, um momento daqueles estava sendo aguardado há muito tempo.

Agora, num corte a la Mat Whitecross no maravilhoso Supersonic do Oasis, vamos sair de Knebworth, digo Araújo Vianna, e voltar um pouco na história.


Quando a Cachorro Grande avisou que iria terminar, comecei a puxar pela memória os tantos shows que fui. Por morar no Rio Grande do Sul, atualmente em Carlos Barbosa, tive a sorte de assistir muitas vezes a banda e acompanhar o crescimento da popularidade deles. Pelas contas, foram quase 30! Show em bar pequeno, bar grande, em teatro (no único que teve do projeto MTV Bandas Gaúchas, fora o da gravação, claro), na rua, em estádio, festival, universidade, feira, colégio, clube, abrindo pra nomes como Oasis, Primal Scream, Rolling Stones, etc.


O primeiro foi no extinto Revival Rock Bar em Caxias do Sul, em 2004. Eu ainda estava na escola, no ensino médio, e não podia dirigir. O baixista da minha banda na época, um pouco mais velho, foi o motorista daquela noite histórica. Estávamos em 8 num Chevette, todos a fim de finalmente assistir a banda mais comentada nas revistas, programas de rádio e blogs especializados. Certamente, éramos os mais novos no bar, que estava lotado. Ficamos na frente, na cara do gol. A banda abriu com “As Próximas Horas…”, música inédita, já que estavam ainda com o primeiro disco sendo divulgado. Foi uma catarse! Assim como no show mais recente, no baixo não era o Rodolfo e, sim, Jerônimo Bocudo. A presença de palco, o entrosamento entre eles e a vontade de estar ali fazendo aquilo ficou marcado para todos nós. Me lembro até do momento em que os pedais do Marcelo Gross estavam com problemas (o que não foi motivo para a banda parar de tocar) e no meio da confusão, o roadie, que estava tentando arrumar e se mover no minúsculo palco, recebia do Beto um banho de cerveja direto nas suas nádegas, que estavam metade à mostra. Que cena! No final, claro, tudo veio a baixo. Palco destruído, alma lavada e fomos pra casa felizes da vida com a aula que havíamos presenciado.


Volta para o 26/03/2022. Tudo ali era maior e melhor: palco, luz, som, produção e público. Eu estava outra vez na frente do palco, feliz da vida por viver aquilo. A banda que eu assistia tinha já conquistado o Brasil e até o apreço dos Stones. Mas estavam ali com o mesmo tesão de quem quer mostrar seus sons para as pessoas. Foi uma noite histórica! Quem não foi, não sabe o que perdeu!

Mateus Brites


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