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São Paulo & Supergrass

Essa semana tem Supergrass em São Paulo e preparamos uma matéria sobre esse discão: I Should Coco.


Disco de 1995 que foi um míssil adolescente lançado contra o tédio da normalidade.

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Tem disco que é tipo aula de história da música. Tem disco que é obra prima lapidada, cheia de conceito. I Should Coco não quer saber de nada disso.


Esse álbum é pura gasolina, fósforo e gargalhada. É o som de três moleques (nem 20 anos direito!) que invadiram o britpop com um chute na porta, guitarra na mão e um sorriso sacana no rosto. Supergrass, em 1995, entregou um dos debutes mais absurdamente energéticos e autênticos da década, e fez isso com uma mistura de deboche, fúria juvenil e refrões que grudam na alma feito chiclete no tênis.


“Alright” é mais que um hino. É o grito de guerra de toda uma geração que queria viver rápido, rir alto, errar muito e não dar satisfação pra ninguém. Aquela batida já entra como se dissesse “a festa começou, e é na sua casa mesmo”. Mas se você acha que o disco para por aí, se prepara: ele te dá uma rasteira e ainda faz pose.

“Caught by the Fuzz” é caos em forma de memória de adolescente sendo preso. “Mansize Rooster” é tão absurda que parece que os Kinks tomaram ácido e foram correr pelados pelas ruas de Oxford. “Strange Ones” e “Lose It” te empurram ladeira abaixo com o freio cortado e um sorriso idiota na cara.


A verdade é que I Should Coco é um disco que não pede licença, ele invade. Não foi feito pra agradar críticos (mesmo que tenha agradado), nem pra parecer “maduro”. Ele soa como vida real, aquela com cheiro de cerveja quente, cigarro escondido e liberdade recém descoberta. É sujo, é rápido, é sincero.

E aí, do nada, eles jogam uma “Sofa (of My Lethargy)”, e a coisa vira um psicodélico preguiçoso e melancólico que prova que, sim, até quem corre o tempo todo às vezes precisa de um canto pra afundar e pensar na vida. Mas não por muito tempo. Porque logo depois eles voltam com “Time” e “Sitting Up Straight”, e tudo vira barulho de novo.


Ouvir I Should Coco hoje é como reencontrar um velho amigo que nunca cresceu, e isso é um baita elogio. Ele ainda te puxa pra rua, ainda te lembra como era sentir tudo ao mesmo tempo agora, ainda faz você querer sair correndo de madrugada sem rumo só pra sentir o vento na cara. É um clássico do jeito mais honesto possível,sem pose, sem filtro, sem pedir desculpa. Um turbilhão juvenil que chegou, sacudiu e nunca mais foi embora.

Se o rock fosse um videogame, I Should Coco seria aquele personagem que entra quebrando tudo e ainda tira 10 na nota de estilo.



 
 
 

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©2020 por Troque o Disco. Gui Freitas

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