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Foto do escritorTroque o Disco

The Beatles - Get Back





Escolhi como a primeira matéria do ano The Beatles e seu maravilhoso documentário Get Back, dirigido por Peter Jackson, que mostra a lendária banda de maneiras que nunca vimos. Já aviso que esta matéria contém spoilers.


Falar de uma banda do tamanho dos Beatles é algo que sempre me causa calafrios, todo mundo vai ter algo a adicionar sobre o que foi dito, discordar, bater palmas, ficar feliz, triste, é uma banda com inúmeros ingredientes. Se na física tivemos o Albert Einsten, no futebol o Pelé, na aviação o Santos Dumont, na música temos os Beatles.


O grupo nos entregou as melhores músicas de todos os tempos, ditaram moda, cultura, cinema, deveria existir um feriado mundial em homenagem aos caras.

Meu Beatles favorito sempre foi o George Harrison, mas fiquei abismado como o povo julgava o workaholic Paul MCcartney, ele nunca foi problema para a banda e sim a solução. Arrisco em dizer que o gênio que o Lennon virou deve-se muito a sua antiga amizade com MCca, no doc por muitas vezes vi o Paul carregando Jhon nas costas e nenhuma vez o contrário, Paul de fato comandava e exigia ordem.


O Ringo é aquilo, só ouve, ouve e ouve, tira uns cochilos e mal opina, um gentleman, não causa problemas a banda e tudo que foi designado a ele é feito de maneira perfeita, brilhante e muito bem vestido por sinal. Ele sempre foi um Beatles esquecido por mim e hoje ganhou meu coração, o cara traz a maior paz.


Por falar no estilo do Ringo, as jaquetas da galera são sonho de consumo, cada uma mais linda que a outra. O Harrison é o mais estiloso da banda, gente, e o choque que ele levou por microfonia, repararam isso? Cômico se não fosse trágico rss.


A perda do empresário Brian Epstein é claramente sentida, como McCartney admite em Get Back, eles precisam de uma figura paterna para dizer ao grupo para deixar as mulheres para trás.


O primeiro episódio encaminha para o fim com a trágica saída de George da banda, o cara pegou seu lindo casaco e seu maço de cigarros e saiu, simples assim. Harrison de fato havia encontrado sua voz criativa, ele se tornava cada vez mais ressentido com a forma como John Lennon e Paul McCartney dispensavam seu trabalho ou mandavam nele, talvez a fome de Paul pela perfeição e o pouco espaço para Harrison poderia ter culminado num triste fim. O filme segue, Harrison e banda chegaram a um acordo e as gravações voltaram já no estúdio da Apple. Essa é a magia que o doc nos passa, é uma história sobre quatro amigos que se amam e adoram fazer música e quando há amor a coisa acontece. Ver um mergulho profundo em seu processo criativo é algo diferente de qualquer outro artista. Dois fatos me chamaram atenção, um é ver como os caras são apaixonados por música, são gente como a gente. O outro é ver eles tocando vários sons de bandas que eles eram apaixonados na época, incrível mesmo.

E a Yoko em? Que assombração, me incomodou demais a presença dela no documentário, ao contrário das outras moças que pareciam trazer uma energia a mais ao grupo. Prefiro não levantar essa questão aqui, afinal, quem de nós não ia querer ficar lá igual uma múmia ao lados dos caras? Diz ai, eu seria o primeiro se pudesse. Uma coisa é certa, ela não separou os Beatles.


O documentário flui e começamos a ficar familiarizados, pelo simples fato de ouvirmos essas canções por toda uma vida e já sabermos cada riff ou ruído.


Gostaria de dizer também que, particularmente, achei maçante em vários momentos, fui conversar sobre com outros amigos e vi que não estava sozinho, vê-los ensaiar a mesma música pela enésima vez pode ser um pouco arrastado – se você é um superfã dos Beatles (como Peter Jackson claramente é), você estára em céu absoluto.


Get Back nos entrega uma experiência mágica, que é o privilégio de testemunhar como os Beatles montaram suas músicas, lá em 1969, com uma ótima qualidade de filmagem.


Li uma fala do Peter sobre o doc que resumiu muito bem tudo que achei:

“Em muitos aspectos, a notável filmagem de Michael Lindsay-Hogg capturou várias histórias. A história de amigos e de indivíduos. É a história das fragilidades humanas e de uma parceria divina. É um relato detalhado do processo criativo, com a criação de músicas icônicas sob pressão, ambientadas em meio ao clima social do início de 1969. Mas não é nostalgia – é cru, honesto e humano. Ao longo de seis horas, você conhecerá os Beatles com uma intimidade que nunca imaginou ser possível.”


Com este documentário tivemos também a oportunidade de assistir a performance no telhado – a última apresentação ao vivo dos Beatles como um grupo – A trilha sonora ficou por conta das músicas e composições apresentadas nos dois últimos álbuns da banda, Abbey Road e Let It Be. Mais um fato hilário me chamou atenção, foi quando os policiais chegaram até o telhado, O Paul observou e deu um gritinho seguido de um longo sorriso e sem titubear cantou com ainda mais força Don't Let Me Down, que imagem gente.

Tenho muitas bandas da qual sou fã, e teria muita curiosidade em saber se o processo criativo deles chegariam a algo minimamente parecido com o que John, Paul, George e Ringo nos entregaram, sempre se divertindo, discordando, zombando um do outro, criando e tocando belas músicas do mais alto patamar.


Observar McCartney agonizando sobre se deveria ser Loretta Mary ou Martin ou de onde Jojo é, é perceber que não se arranca um Billboard nº 1 do ar; nem mesmo os Beatles poderiam fazer isso.


Um grande momento; como Get Back nasceu, cartarse.


Outro grande momento e talvez de virada de jogo para que o produto final saísse é quando Billy Preston, lendário tecladista, visita os ensaios da banda, ali a energia aumenta visivelmente e ele segue por perto, para adicionar seu toque de teclado a algumas das novas músicas dos Beatles.


Por fim, o telhado da Apple é o momento mais especial, Lindsay-Hogg deu um show a parte e colocou câmeras não somente no telhado, mas em todo prédio da Apple e pelos arredores das ruas também. Assim podemos ver imagens em tela dividida, da polícia respondendo as reclamações de barulho, espectadores maravilhados com os Beatles se apresentando ao ar livre, Lennon olhando para McCartney com um grande sorriso, lindo de se ver.


Com travessuras, diversão e musicalidade barulhenta, os Beatles conseguiram simultaneamente trazer consternação ao estabelecimento e espalhar alegria total. Se isso não é o melhor dos Beatles, eu não sei o que é. GET BACK FOREVER.

- Gui Freitas

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