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Some Girls





Segunda-feira é dia de começar com o pé na porta, a todo vapor, é dia de clássico. Vamos da maior banda de todos os tempos, senhoras e senhores com vocês: The Rolling Stones e seu magnífico disco de 1978, Some Girls.


No futebol quando acontece um "clássico" o time que tá mal ou que é inferior pode jogar de igual por igual com seu rival e ainda levar a melhor, isso ficou bem claro nos duelos entre o Fluzão e meu Mengão esse ano, levamos tinta. Bem, digo isso pois em 78 as coisas não pareciam tão boas para os Rolling Stones. As bandas oriundas da sua época haviam acabado, a década de 80 chegava com Punk e a era Disco já era realidade. Os fãs caxias também não receberam bem os três discos que antecederam Some Girls, Goats Head Soup de 73 , It's Only Rock 'n Roll de 74 e Black and Blue de 76, não eram bons ou não chegavam a patamares dos clássicos Let It Bleed , Sticky Fingers e Exile on Main St., olha essa última fase ai eu prefiro nem comentar, pois eu amo essa trinca de discos.


Com tanto peso naquele momento, Some Girls não tinha espaço para erro, poderia culminar a banda para sempre. No fim eles trabalharam bem a mágica clássica que sempre tiveram e não tenho a mínima dúvida que esse disco foi primordial para que os caras estivesse até a data de ontem fazendo shows pelos Estados Unidos, se é que me entendem.


Gente, o disco pegou, e de quebra aquele medo da era disco ajudou demais, "Miss You" é o retrato disso. "Beast of Burden" e o blues elétrico picante da faixa-título, o álbum disparou para o top dos pops e permaneceu nas paradas americanas por 82 semanas. Robert Christgau, escreveu no The Village Voice chamando-o de “melhor álbum da banda desde o Exile” e “o mais fácil desde Let It Bleed ou antes”. Ele estava certo. Como num passe de mágica os Rolling Stones eram interessantes e importantes, my God, tudo de novo.

Em 2011, Keith Richards disse à Spinner.com que após os excessos de alguns dos álbuns mais recentes da banda - que viram os Stones se interessando pelo reggae e R&B - para Some Girls, eles simplesmente quebraram essa regra e começaram a compor e tocar um rock direto. "Sim, foi uma ideia deliberada minha e de Mick Jagger de trazer a banda de volta ao básico. E também, foi o primeiro álbum completo que eu estava fazendo com Ronnie Wood, então estávamos todos sentindo nosso caminho a esse respeito. Estávamos começando a entender a maneira um do outro de tocar essas coisas. Para mim, lembro-me como foi muito divertido, mas tenho certeza de que outras pessoas podem ter outras idéias."


Embora Wood só tenha aparecido em duas faixas no Black And Blue de 1976, ele estava em turnê com a banda desde 1975. Some Girls apresentou o primeiro álbum completo de assinatura do som de guitarra "Keith & Ronnie". Richards contou isso como um dos pontos altos do álbum, lembrando: "Essa foi uma das alegrias dele. Cada sessão que íamos, todos os dias - e estivemos lá por muito tempo - Ronnie e eu percebemos que estávamos encontrando um maneira de brincar juntos. Como Ronnie chama, 'a antiga forma de tecelagem'. Você não sabe qual guitarra está fazendo o quê. E essa é a alegria de tocar com duas ou três guitarras, a interação.”


Tem uma música neste disco que eu gosto demais, Shattered, que tem uma pegada punk, a banda definitivamente não estava pra brincadeira e a antena estava muito ligada a tudo naquela época. Acho que no fim das contas muitas canções do disco Some Girls acabaram servindo de inspiração para muitas bandas de punk rock, mesmo que não fosse punk admitir isso em 1978.


Em suma, para mim o que mais edifica este trabalho é que embora os caras tenham voltado a fazer um trabalho sério, eles ainda assim conseguiram colocar novas fórmulas ao velho habitual sem que muitos percebessem, há músicas dançantes, há batidas punk, há Rolling Stones de 72, o disco remete sim um novo ângulo sobre seu antigo amor pelo blues e tradições do rock and roll. Se a galera punk estava fora de qualquer regras, os Stones estavam ali pra dizer que podia participar da roda punk, porem dar cores a ela.

Isso é Rolling Stones meu povo.


-Gui Freitas


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