Dezembro é aquilo, não tem jeito, todo dia é sexta-feira, encontro com os amigos, confraternizações, comilança, bebedeira e ai chega o derradeiro dia 26, pelo menos para mim, onde fico igual uma morsa jogado no sofá. Nesse ano a morsa aqui assistiu um filme bem legal, do gênio Elton John, o bom "Rocketman".
Se me perguntassem o que amo em Elton John, eu responderia facilmente que seus óculos de sol, as lantejoulas e as músicas, óbvio. Os fãs de Elton encontrarão mais desses três elementos do que podem contar nesta homenagem implacável e deslumbrante, quem diria, o tolo prodígio do piano londrino viraria um foguete. Elton John foi o começo de uma era num mundo onde não existia Lady Gaga, suas atitudes, vestimentas e som fizeram dele uma explosão positiva para o mundo da música, isso que seus fãs encontrarão nesta homenagem implacável e deslumbrante a essa lenda viva.
O filme é baseado na história de vida de Elton John, desde seus anos como prodígio na Royal Academy of Music até sua influente e duradoura parceria musical com Bernie Taupin. O longa se preocupa bastante com a ideia superficial de Elton: o guarda-roupa ultrajante, o carisma espetacular e seu status relativamente incomum como uma megaestrela abertamente gay, algo que o mesmo diretor levou críticas quando fez o Bohemian Rhapsody. Cenas de um agitado ícone caminhando por um corredor de clínica de reabilitação retroiluminado em asas de penas vermelhas e chifres de diabo com lantejoulas: uma fantasia no nariz para um homem que está chegando a um acordo com seus demônios. Irrompendo em uma reunião no estilo Alcoólicos Anônimos, ele prontamente admite seus vícios - álcool, cocaína, sexo, maconha, medicamentos prescritos e bulimia - e começa a narrar e/ou cantar em flashbacks de suas lutas com a fama e a família.
Um dos capítulos mais divertidos do filme é a lendária estréia americana do cantor em 1970 no Troubadour em Los Angeles, onde Elton, de 23 anos, supera o medo do palco alimentado por uma platéia de luminares da música - Neil Diamond, Leon Russell, metade do The Beach Boys - para literalmente levantar a multidão com "Crocodile Rock", suas próprias botas de plataforma saindo do chão enquanto seus dedos continuam a martelar as teclas do piano.
Diria que a força motriz do filme é a atuação do ator Egerton, totalmente focado e comprometido que varia do exuberante carisma de palco à melancolia sentimental e à miséria privada, e então volta novamente com a vulnerabilidade crua e o duro auto-exame de alguém se afastando do precipício para assumir a responsabilidade por seu quase esgotamento. O fato de Egerton cantar com tanta confiança adiciona uma camada totalmente diferente à caracterização, apropriando-se do estilo de John sem nunca se desviar para a representação. E nesta era de jovens estrelas de cinema perfeitamente tonificadas, o leve toque de gordinho que ele adquiriu para o papel é adorável. Taron Egerton evoca Elton John sem sentir que está impressionando. Ainda cabe dizer que Jamie Bell também faz um ótimo trabalho como Bernie Taupin, amigo de longa data e colaborador musical de John.
Por fim, Rocketman é um retrato digno da vida de um dos nossos maiores artistas musicais vivos e dá a Egerton um incrível papel de destaque em sua carreira.
Fique abaixo com trailer promocional da época:
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